Transtorno Bipolar: como a TCC pode ajudar?

O transtorno bipolar (TB) pode ser caracterizado por uma acentuada desregulação e flutuação dos afetos ou estados de humor, que oscilam entre a mania e a depressão. Durantes os episódios de mania, os pacientes tendem a apresentar humor eufórico e elevado, alto nível de irritabilidade e aumento da atividade comportamental. Por outro lado, os episódios depressivos são marcados por sensações como: humor deprimido, diminuição do prazer e interesse em situações consideradas prazerosas anteriormente, insônia ou hipersonia, fadiga ou perda de energia. Em adultos, os primeiros sintomas do transtorno tendem a aparecer em torno dos 20 anos de idade e se associam com a incapacidade ou menor capacidade laboral, diminuindo a qualidade de vida. O prejuízo nas capacidades cognitivas é uma das principais dificuldades encontradas pelos pacientes, que podem ter a capacidade atencional, a velocidade de processamento de informações, a memória de trabalho, a flexibilidade cognitiva, aprendizagem verbal e controle inibitório comprometidos. Em crianças, as capacidades cognitivas prejudicadas tendem a ser, em sua maioria, as mesmas verificadas em adultos. Neste sentido, o desempenho escolar pode ser diminuído nesse público.

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V)

Segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o diagnóstico do transtorno bipolar do tipo I (TB I) está condicionado a pelo menos um episódio de mania, com duração de pelo menos uma semana, seguido ou antecedido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores. Os episódios hipomaníacos, por sua vez, apresentam as mesmas características dos maníacos, mas não causam comprometimentos graves. Em alguns casos de hipomania, o funcionamento ocupacional pode até melhorar temporariamente, devido à maior produtividade e bom humor. Já o diagnóstico do TB II requer a ocorrência de pelo menos um episódio de hipomania, com duração de pelo menos 4 dias, e um episódio depressivo maior, com duração de pelo menos duas semanas. Além disso, ambos os tipos podem apresentar 3 níveis: leve, moderado e grave. O TB afeta mais de 1% da população mundial, sendo essa taxa consistente em relação a nacionalidade, etnia e condição socioeconômica. Para o TB do tipo I, a prevalência é de 0,6%, enquanto para o tipo II, a taxa é de 0,4%. Os episódios de mania são condição fundamental para o diagnóstico de TB.

Transtorno Bipolar: como a TCC pode ajudar?
Transtorno Bipolar

Em muitos casos, é difícil fazer a distinção entre o Transtorno Bipolar e o Transtorno Unipolar. A apresentação da depressão pode ser semelhante nos dois casos, entretanto, no unipolar sua ocorrência geralmente se dá mais tardiamente na vida dos pacientes e estes apresentam menor variabilidade de humor em prazos curtos.

O tratamento do Transtorno Bipolar pode abarcar diversas estratégias, entre intervenções medicamentosas e psicoterápicas. Os profissionais, todavia, devem considerar a manifestação de sintomas e os fatores psicossociais característicos de cada caso, de maneira a otimizar a eficácia, minimizar o risco de eventos adversos e a falta de adesão ao tratamento. A TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental – tem boas evidências de eficácia no tratamento. Além de auxiliar na redução dos sintomas, tende a aumentar a adesão à medicação e prevenir recaídas.

Como a TCC pode ajudar?

Algumas técnicas empregadas na Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) para o tratamento são: (a) psicoeducação, que aumenta a consciência e compreensão dos pacientes acerca dos seus sintomas (auxilia, por exemplo, na intervenção precoce quando surgem os sintomas do humor maníaco); (b) reestruturação cognitiva, a qual ajuda os pacientes a identificar e lidar com seus pensamentos automáticos desadaptativos; e (c) resolução de problemas, que requer, principalmente, que os pacientes identifiquem o problema, encontrem um momento para se dedicarem à sua resolução e aumentem sua flexibilidade e funcionalidade na forma de resolvê-lo. É importante lembrar que as estratégias de intervenção, bem como suas combinações, devem ser empregadas de acordo com as especificidades de cada paciente, considerando as características psicossociais que o cercam.

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Referencias:

American Psychiatric Association (APA) (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorder: DSM-5 (5th ed.). Washington: American Psychiatric Association.

Deckersbach, T., Eisner, L., & Sylvia, L. (2016). Cognitive Behavioral Therapy for Bipolar Disorder. In The Massachusetts General Hospital Handbook of Cognitive Behavioral Therapy (pp. 87–103). New York, NY: Springer New York. doi.org/10.1007/978-1-4939-2605-3_7

Malloy-Diniz, L., F., Neves, F., S., Sediyama, C., Y., N., Loschiavo-Alvares, F., Q. (2014) Neuropsicologia do transtorno bipolar em adultos. In Fuentes, D., Malloy-Diniz, L. F., de Camargo, C. H. P., & Cosenza, R. M. (Org). Neuropsicologia: Teoria e Prática. (Vol. 2, Cap 14, pp. 184-194). Porto Alegre: Artmed Editora.

Miklowitz, D., J. (2016). Transtorno Bipolar. In Barlow, D. H. (Org). Manual clínico dos transtornos psicológicos. (Vol. 5, Cap. 11, pp. 479-519). Porto Alegre: Artmed Editora.


Escrito por:

Drielle Barbosa Pereira
Psicóloga - Colaboradora da ATC Minas
Psicóloga e mestranda em Psicologia: Cognição e Comportamento pela UFMG. Membro do Laboratório de Avaliação e Intervenção na saúde - LAVIS UFMG.

2 comentários em “Transtorno Bipolar: como a TCC pode ajudar?”

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