Nos últimos meses o planeta foi atingido pela COVID-19, doença que se alastrou por todo o mundo, incluindo o Brasil, tornando-se uma pandemia mundial. A necessidade de distanciamento e isolamento social para conter a disseminação fez com que muitos (as) psicólogos (as) e seus pacientes passassem a realizar as sessões na modalidade online, a qual é regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) na Resolução CFP nº 011/2018. No entanto, o contexto de pandemia obrigou o Conselho a complementar a resolução e chamou atenção aos cuidados que o atendimento online exige.
Para a prestação de serviço psicológico por meio de tecnologia de informação e comunicação (TICs), o profissional de Psicologia deve se inscrever no e-Psi (https://e-psi.cfp.org.br/) e aguardar que seu Conselho Regional valide o cadastro. Contudo, durante esta pandemia, o CFP aprovou a Instrução Normativa 1, 17/3/2020 e a Resolução CFP 04 que instruem sobre o trabalho online durante este período e dispensa a necessidade de aguardar aprovação de cadastro para iniciar os atendimentos nessa modalidade.
A tecnologia da informação nos atendimentos online
Para realizar o atendimento do ponto de vista tecnológico, psicólogo e paciente devem ter acesso a computador, smartphone ou tablet, além de estarem inscritos em algum aplicativo ou software que permita comunicação em tempo real por vídeo e/ou áudio (e.g., WhatsApp, Zoom, Skype etc.). É muito importante que ambas as partes tenham acesso a uma Internet de boa qualidade para que o andamento da sessão não seja prejudicado.
Eticamente falando, o profissional deve garantir sigilo do atendimento tanto de sua parte, como da parte do paciente. É fundamental que psicólogo e paciente estejam em cômodo privado, sem interrupções ou presença de outras pessoas e usando fones de ouvido para que o som da conversa não vaze para outros cômodos. O cuidado com a privacidade durante a pandemia é redobrado e desafiador, já que tanto profissional como o paciente estão em casa com os membros de suas famílias.
A segurança no atendimento online:
Além disso, o equipamento utilizado para o atendimento deve possuir antivírus e senha de entrada, a fim de que outras pessoas não tenham acesso direto a vídeos, áudios ou documentos de pacientes.
Se o atendimento for infantil ou adolescente, o profissional deve cuidar para que pelo menos um dos responsáveis autorize o tratamento, combinando com ele (a) o envio de documentos e contratos.
Nesse sentido, todos os cuidados tomados com os documentos do paciente na modalidade presencial também se aplicam à modalidade online, assim como todas as recomendações já existentes para avaliação psicológica. Por fim, a duração e o valor do atendimento continuam os mesmos acordados no atendimento presencial e o pagamento também é online, sendo que cada profissional irá sugerir a melhor forma, seja por transferência bancária, boleto, depósito ou aplicativo.
Atendimento online na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
No caso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), é importante ressaltar que existem evidências científicas publicadas comprovando que a modalidade online apresenta mesma eficácia que o modo presencial, especialmente na redução de sintomas de depressão, além de ser economicamente mais viável para os pacientes. (Ahern, Kinsella & Semkovska, 2018).
A TCC online segue os mesmos procedimentos de atendimento que a psicoterapia presencial e utiliza recursos tecnológicos como aplicativos de registro de humor, formulários online para envio de feedback, mensagens de texto e e-mails para avisar datas de sessões, mostrando-se assim, uma abordagem perfeitamente adaptável, segura e eficaz (Klein et al., 2018).
Para fazer um bom uso das TICs em tempos de pandemia é importante o profissional de Psicologia se manter informado sobre recomendações do CFP e do Ministério da Saúde, além de se atualizar constantemente sobre adaptação e eficácia da TCC para a modalidade online. Abaixo seguem algumas indicações de sites que podem auxiliar nesse sentido.
Referências:
Ahern, E.; Kinsella, S.; & Semkovska, M. (2018). Clinical efficacy and economic evaluation of online cognitive behavioral therapy for major depressive disorder: a systematic review and meta-analysis. Expert Review of Pharmacoeconomics & Outcomes Research, 18:1, 25-41, DOI: 10.1080/14737167.2018.1407245
Klein, N. S.; Bockting, C. L.; Wijnen B.; Kok G. D.; van Valen E.; Riper H.; Cuijpers P.; Dekker J.; van der Heiden C.; Burger H.; Smit F. (2018). Economic Evaluation of an Internet-Based Preventive Cognitive Therapy With Minimal Therapist Support for Recurrent Depression: Randomized Controlled Trial. J Med Internet Reseach. 20 (11):e10437 DOI: 10.2196/10437
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