Neste dia do Psicólogo e da Psicóloga, para além dos parabéns, gostaríamos de fazer um convite aos terapeutas que passarem por aqui: que olhemos a nós mesmos da forma como olhamos tantas vezes os nossos pacientes, com compaixão, com humanidade e com respeito à experiência – à nossa experiência enquanto uma pessoa diante de outra.
Somos profissionais da escuta e do cuidado e é frequente que foquemos nossas energias em oferecer o melhor de nós, na mesma lógica de esforço de todos os outros profissionais. Focamos tanto nessa função, que muitas vezes nos esquecemos que nossa lógica de trabalho é outra, que para oferecer um bom trabalho enquanto terapeuta eu preciso estar ali, realmente presente. E como fazer isso já esgotado e sem energia?
Da mesma forma, para ouvir este outro com abertura, eu preciso aprender a me diferenciar dele e, pra isso, preciso olhar pra mim… preciso olhar para minha humanidade, pois sou também alguém com julgamentos, com um esquema de crenças e com pensamentos automáticos que não vão deixar de aparecer só porque eu sou um psicólogo em atendimento.
E as minhas emoções, que teimosamente também não se deixam controlar e, se ignoradas, vão tender a enviesar meu comportamento, como nós terapeutas cognitivo-comportamentais bem sabemos…
Talvez possamos nos lembrar que, assim como os nossos pacientes, somos também humanos em pleno funcionamento, e não deixamos de o ser em sessão. E o que vivemos entre essas quatro paredes com muita frequência é gatilho pra nós, e assim mexe com as nossas emoções e dores e experiências… mexe até com o nosso desejo tão grande de ajudar esse outro diante de nós.
O fato é que a nossa humanidade não fica nunca de fora da sala e essa é a parte do nosso trabalho que ninguém vê, quando estamos lidando – de um jeito ou de outro – com as nossas próprias questões e emoções, a fim de dar espaço e oferecer o melhor de nós.
“Nós merecemos não só os parabéns nesse dia, mas merecemos também o nosso próprio olhar de empatia."
Por tudo isso, pela beleza e complexidade do nosso trabalho, nós merecemos não só os parabéns nesse dia, mas merecemos também o nosso próprio olhar de empatia e, quem sabe, o cultivo de um caminho de autocuidado e autocompaixão como parte do trabalho-vida de ser terapeuta.
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